Luís Campião
Teatro
O menino da burra
Na peça de teatro O menino da burra, o filho de um ex-combatente da guerra colonial convida a clientela da sua taberna para uma aguardente especial. Uma aguardente “capaz de levantar os mortos”.A propósito da aguardente, o taberneiro vai relatando episódios da vida do pai durante a sua passagem pela guerra.
O menino da burra aborda o trauma de guerra e as consequências do stress pós-traumático nos que viveram um cenário de guerra, e nas suas “novas vítimas”; as famílias dos ex-combatentes. As mulheres. Os filhos.
Com humor e ironia, O menino da burra, desafia a imaginação do espectador até um desfecho surpreendente.
Menção Honrosa, Concurso Inatel Novos -Textos, 2013
Fotografias de ensaio de Sónia Aço
ESPECTÁCULO DISPONÍVEL PARA DIGRESSÃO
(consulte o Dossier).
Nossa Senhora da Açoteia
Numa aldeia do Algarve em Portugal, “quando os homens e mulheres viviam do mar e para o mar”, uma mulher conta a sua história e das gerações que a precederam. Entre o risível e o trágico a trama percorre três gerações de mulheres até um surpreendente final.
Excerto
"É uma menina" - disse depois ao meu pai. E o mundo caiu naquele momento, mas não caiu a minha mãe que muito bem sabia o que estava a fazer. E daquele homem, daquela maldição havia ela de me proteger; que os homens no meio das hienas não há meio de conhecerem o primeiro ano de vida, e não era esse o destino que a minha mãe me queria traçar. Cega que nem uma cobra, protegeu-me nos seus braços de víbora para uma vingança que se abatia na família há gerações.
Prémio Luso-Brasileiro de Dramaturgia António José da Silva, 2012
Primeiro prémio do concurso de Textos Teatrais do Teatro Universitário do Porto, 2012
Peças escritas
A cova dos ladrões (2010)
Dos dentes coração (2010)
Nossa Senhora da Açoteia (2012)
O menino da burra (2013)
Palco de Babel (2015)
O sabor da pedra (2015)
A casa no fim de tudo (2017)
O dia do nosso aniversário (2021)
Carta à mãe (2021)
Peças publicadas
Nossa Senhora da Açoteia, Ed. Chiado, 2012
O menino da burra, Companhia das Ilhas, 2014
Palco de Babel, Edições Inatel, 2015
O dia do nosso aniversário (no prelo)
Peças representadas
A Cova dos Ladrões (ACTA)
Nossa Senhora da Açoteia (TUP / ACTA /Comédia de Arte)
O menino da burra (Luís Campião / ACTA)
Palco de Babel (GDR Retorta)
A casa no fim de tudo (ACTA)
Nota biográfica
Licenciatura em Estudos Teatrais pela Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo, Porto, 2001. Mestrado em Artes Performativas – Escritas de Cena pela Escola Superior de Teatro e Cinema, Lisboa, 2014. Escreveu as peças A Cova dos Ladrões (2010); Nossa Senhora da Açoteia (2012); O Menino da Burra (2013), Palco de Babel (2015), A casa no fim de tudo (2017), e Carta à mãe (2021).
Foi distinguido com o prémio Luso-Brasileiro de Dramaturgia António José da Silva 2012, e o Primeiro Prémio do Concurso de Textos Teatrais do Teatro Universitário do Porto com a peça Nossa Senhora da Açoteia em 2012. Em 2013 recebeu uma Menção Honrosa no Concurso Inatel - Novos Textos com a peça O Menino da Burra e, em 2015, conquistou o Primeiro Prémio do Concurso Inatel - Novos textos com a peça Palco de Babel. Os seus textos encontram-se publicados em Portugal pela Companhia das Ilhas, Chiado Editora, e Fundação Inatel, e no Brasil pela Fundação Funarte. As suas peças foram representadas em Portugal e no Brasil.
Entre 1998 e 2000, estudou interpretação com a professora Polina Klimovitskaya, e entre 1995 e 2022, trabalhou como actor com os encenadores Denis Benard, Julio Castronuovo, David Wheeler, Gennadi Bogdanov, Eimuntas Nekrosius, Kristian Lupa, Luís Varela, Joana Providência, José Wallenstein, Mário Barradas, Júlia Correia, Gil Nave, Inês Vicente, Jeannine Trévidic, e as companhias Teatro Experimental do Porto, Teatro Nacional S. João, Teatro Nacional D. Maria II, Meta-Mortem-Fase, Sete Pés, Teatro das Beiras, Al-Teatro, Baal 17, ACTA, entre outras.
Divide a sua actividade de escritor de palco com a de actor, encenador e formador.
Imprensa
O menino da burra de Luís Campião é um texto de uma delicadeza, inteligência e sensibilidade extraordinárias. O relato animado do empregado de balcão da taberna “o menino da burra”, dirigido a um pretenso freguês, sobre uma aguardente “capaz de levantar os mortos”, é o motivo suficiente para evocar um país e um tempo já idos: o Portugal do Estado Novo e da guerra colonial, da pobreza e da ruralidade, da violência e da ingenuidade. E é também um lembrete de que detrás dos gestos mais poéticos se pode esconder a mais sórdida crueldade.
Rui Pina Coelho
[Em Nossa Senhora da Açoteia] o tom é realista, e vem das fontes documentais, biográficas e/ou etnográficas, mas o que conta na peça, como no espectáculo, são as metáforas e a simbologia dos actos e das circunstâncias. O lado feminino executa o lado masculino, não tanto de acordo com a cartilha freudiana, mas sobretudo segundo uma tradição de grotesco marítimo e rural, no qual se incluem os eventos milagrosos, que vem da literatura oral, e graças ao ar desabrido da narradora, que permite conjugar erotismo e culto religioso. Também não é frequente. Devia ser mais.
Jorge Louraço Figueira
Nossa Senhora da Açoteia, de Adyr Assumpção, traz à luz da cena uma narrativa de maturação, a partir de uma lenta superposição de camadas finas e translúcidas que, pouco a pouco, de chá em chá, lançando mão da mais épica das faculdades – a memória que, ao mesmo tempo, apropria-se do curso das coisas e resigna-se com o desaparecimento delas, com o poder da morte- reintera que nossa história de luta não pode ser apagada como página de internet e nos faz lembrar (na verdade, nunca esquecemos) da força e sabedoria e perspicácia da mulher
Soraya Martins
Algarve Informativo: O menino da burra recorda drama da guerra colonial
Sinais de Cena: Ilhas em companhia
Jornal Público - Oração aos santos da sexualidade popular
Segunda Preta - Da Açoteia
Jornal de Letras - A força ficcional de Nossa Senhora da Açoteia